27.5.04

AUTOCRACIAS



Não creio ter visto ou ouvido, até agora, qualquer associação ou declaração da Câmara Municipal do Porto ao estrondoso triunfo do Futebol Clube do Porto na Liga dos Campeões Europeus e à genuína alegria popular a que se tem assistido nas ruas da cidade. Parece que o Presidente do executivo camarário tem uma embirração pessoal pelo Presidente do FCP, a quem acusa de ser uma personagem dominadora e autoritária.
Ora, para quem não saiba, a Câmara Municipal do Porto é uma entidade política, representativa de uma importante comunidade, que exerce legitimamente uma fasquia de significativo poder local, através de um órgão democraticamente eleito. O Presidente da Câmara não é exactamente a Câmara, nem com ela deve ser confundido. Nem vemos, sequer, que a opinião do Presidente da Câmara corresponda à da totalidade da vereação, desde logo da que foi eleita pelo C.D.S., que tem desde há uns dias um ilustre dirigente seu - o Dr. António Lobo Xavier - a número dois do FCP e a braço direito de Pinto da Costa.

Ao impor a sua vontade a todo o executivo camarário, o Dr. Rui Rio está, no fim de contas, a cair no mesmo erro que imputa ao sr. Jorge Nuno Pinto da Costa. Com a diferença de que este lidera uma instituição desportiva que pertence à sociedade civil, e aquele exerce um cargo político, representativo de uma comunidade.
Por isso, é bom que quanto antes a Câmara Municipal do Porto faça o que é sua obrigação fazer: felicitar o FCP e associar-se, na medida do possível, às festividades. O Dr. Rui Rio, pelo seu lado, que faça o que melhor entender.