22.2.05

Balanço eleitoral

Passadas quarenta e oito horas sobre o fecho das urnas, um pouco distanciado das emoções, acho que é altura de fazer um balanço das eleições de domingo.

O vencedor das eleições é José Sócrates e o PS. Uma maioria absoluta, para quem sempre a pediu, em democracia, tem sempre de ser considerada uma vitória. "Agora é assim": o PS tem a responsabilidade absoluta de, "verdadeiramente", apresentar um "bom governo", e contrariar a histórica resistência que a esquerda tem de fazer reformas. Os blasfemos cá estarão, vigilantes...

Venceu também a CDU, que conseguiu ressuscitar a linha ortodoxa do marxismo para angariar votos. A CDU está num estado de vida vegetativa, mas teima em morrer.

Venceu também o BdE; se bem que, no imediato, foi uma vitória de Pirro, uma vez que já não vão poder condicionar, como pretendiam, o Parlamento. Mas vai ser divertido ver os "caniches" anacletos a ladrar no Parlamento, e a morder os calos ao PS... O mais importante para o BdE resulta do facto de estar a crescer de uma forma sustentada, bem integrado nos meios urbanos e em sectores importantes da sociedade portuguesa, onde cada vez mais há brigadas vermelhas. Como dizia alguém (ajuda-me AAA, não encontrei no meu arquivo o artigo em questão! Está na hora de assumires a tua função de "consultor"!), do outro lado do Altlântico, se bem que num contexto algo sui generis, a direita deveria ler Trotsky ... O grande desafio da direita, nos próximos anos, será combater o crescente peso cultural que o BdE começa a ter nos meios urbanos e nos jovens, dado o prejuízo irreversível que isso pode causar à sociedade portuguesa do futuro.

O PSD perdeu as eleições, mas ganhou a oportunidade única de se renovar; mas para se renovar terá de saber livrar-se de certos "sebastianismos". O PSD deve apontar rumo ao futuro, com uma nova geração de líderes que saibam ser capazes de comunicar com os eleitorados que permitem vencer eleições.

O PP está num momento dificil. Paulo Portas, nos últimos sete anos, recuperou o partido, e devolveu-lhe o amor próprio. Percebeu que, depois destas eleições, seria importante renovar. Tenho dúvidas que o PP tenha facilidade em encontrar outro líder com o carisma de PP. Seria importante que isso acontecesse. Vamos ver o que nos reserva o futuro.

Amanhã farei um post dedicado ao Presidente da República, que merece uma abordagem específica.