26.2.05

Limitações interessadas

Em Portugal apenas existe uma rede de televisão por cabo com dimensão nacional, a TVCabo, propriedade da Portugal Telecom. Tal monopólio assume uma indiscutível dimensão política, uma vez que as opções que realiza não se pautam por critérios estritamente económicos e de mercado.
Veja-se o que se passa com o processo relativo ao projecto «Porto Canal», uma iniciativa de um grupo de empresários, com provas dadas na antiga NTV e que, segundo a imprensa, conseguiu agrupar um significativo e relevante número de investidores que poderiam garantir a viabilidade financeira do projecto. O certo é que o projecto encontra-se encalhado perante a atitude da Portugal Telecom à qual não lhe interessa minimamente a existência de um canal produzido e direccionado ao norte do país. Não se trata de uma questão de gestão económica (pois que existe mercado, financiadores, e meios técnicos, para além de que o risco sempre cairia naqueles empresários). É tão só uma opção política. A de recusar uma voz alternativa sobre a qual o poder central não teria o controle. A TVCabo não está muito preocupada sobre a viabilidade económica da transmissão do sinal de certos canais, como o «Viver» ou a «RaiUno». São canais residuais e que completam(??) o pacote de serviços.
Mas a existência de um canal, que poderia colmatar uma grave lacuna em termos informativos, fidelizar rapidamente um público especifico e ser uma alternativa credível ao centralismo informativo, isso é algo que «não interessa nada».