23.8.05

Estado máximo, cobertor curto, pés frios VIII

Lido no Público:

Arquivo de O Comércio do Porto poderá ir para Espanha

Denúnica partiu de ex-deputado e colaborador do centenário matutino portuense. A assessora da ministra da Cultura diz que o ministério está preocupado.


Repare-se na palavra denúncia, que remete para questões do foro criminal. Mas a verdade é que a transferência para Espanha, pelo seu legítimo proprietário -- a Prensa Ibérica, de um arquivo de jornal não é crime. Mas mesmo que fosse crime, a questão deveria ser resolvida pelos tribunais. Note-se que o ex-deputado, certamente habituado a resolver todas as suas questões com uma cunha, não recorre aos tribunais, nem pede justiça, até porque provavelmente sabe que a justiça não está do seu lado. O que ele pede é acção política que viole os princípios de justiça. O que ele pede é uma intervenção política, que, de forma arbitrária, tome partido pela parte que não tem razão. A Ministra, claro, tem ideias muito semelhantes. Não se vê o seu Ministério como um garante imparcial do cumprimento da justiça, afinal devia ser esse o papel do estado, mas como um instrumento político parcial ao serviço de ideias políticas, neste caso, ao serviço do nacionalismo cultural. O artigo do Público é todo ele muito interessante porque todos os personagens consultados pelo jornalistas alinham pelo nacionalismo serôdio contra os espanhóis, nenhum se questiona sobre a legitimidade das suas pretensões e nenhum admite sequer que a Prensa Ibérica possa ter todo o direito de levar o arquivo do Comércio para onde bem entender.