25.8.05

QUE FAZER COM ESTE PODER LOCAL (2)


As esganiçadas reacções que a entrevista de Paulo Morais à Visão provocou tiveram o seu ponto alto na «incompreensão» do inefável Dr. Branquinho.
O Dr. Branquinho diz que «não percebe», o Dr. Branquinho espanta-se, o Dr. Branquinho indigna-se: «se existem factos concretos devem ser levados ao conhecimento das autoridades pelos canais apropriados» gritou o Dr. Branquinho aos microfones de uma rádio (aliás, na mesma emissora, a procuradora Maria José Morgado dava os parabéns a Paulo Morais «pelo serviço que este estava a prestar à Democracia»).

É curioso. Recordo-me que há 4 anos - deve faltar cerca de 1 mês para que se cumpra essa data exacta - o Dr. Rui Rio (não a personagem baça e sem bandeiras que hoje vai a reboque do aparelho laranja, mas um outro Rui Rio, então um candidato corajoso e que queria fazer a diferença) ter dado uma Conferência de Imprensa na sede da sua candidatura em que acusou a Câmara socialista do Porto de «favorecer os processos de corrupção», de perpetuar «métodos e silêncios» que levavam a esquemas ínvios para a aprovação de licenças urbanísticas.
Estava precisamente ao seu lado quando esse Rui Rio do passado disse estas palavras desassombradas e jurou combater aquela realidade.

Foi um escândalo! A imprensa, os poderes instituídos, o aparelho socialista portuense, a Associação Nacional de Municípios e todos os outros do costume, quase que rasgaram as vestes e deitaram cinza em cima dos cabelos como faziam os antigos hebreus diante de um sacrilégio.
«Onde estão as provas?» barafustavam; «se Rui Rio conhece factos concretos que os revele ao Ministério Público» exigiam.

Tal como agora, também os Drs. Branquinhos de outrora «espantaram-se» e «indignaram-se». E exigiram provas cabais e irrefutáveis.

Ao tempo, o povo do Porto acreditou em Rui Rio. Hoje mesmo, as declarações do Dr. Branquinho comprovam, melhor do que qualquer outro facto, que este Rui Rio, entalado entre o Major Valentim Loureiro e o Dr. Marco António, se tornou exactamente no principal pivot do triste cenário autárquico contra o qual jurou lutar, há 4 longos e saudosos anos.