22.6.06

QUE FAZER COM ESTES SINDICATOS?

Estava em crer que eram à volta de uma dezena - mas, parece, que são cerca de 25. Os sindicatos na área da educação, designadamente os dos professores. Quase meio milhar de dirigentes sindicais, uma nova forma de aristocracia a quem a lei cumula de privilégios e retira o fardo das funções docentes.
Geraram-se no Jurássico do Estado Providência. E recusam qualquer evolução. Estão sempre, em uníssono, contra tudo o que mexa na educação. A não ser aquilo que aparenta bulir com o objectivo declarado de tudo ficar na mesma. Fizeram da actual ministra um inimigo a abater, custe o que custar. Já o conseguiram com muitos outros responsáveis pela área e de várias origens políticas. Consequentemente, agora acreditam, também, que o poder acabará por ceder às suas reivindicações imobilistas.
Do outro lado está Maria de Lurdes Rodrigues. Com uma missão estratégica, transbordando força e determinação para a cumprir. Serena e acutilante, suporta os ataques descabelados dos sindicalistas. ###
Não concordo com algumas das intenções da ministra da educação. Mas julgo que, há muito, Portugal não via um governante assim. O PSD está confuso, também aqui. Depara com alguém a fazer aquilo que eles nunca tiveram ânimo e coragem para declarar publicamente. Como má oposição que persistem em ser, temem os bons ministros. E inventam "mitos", intenções camufladas, atacam as minudências do percurso. Percebe-se que se lá voltarem com os mesmos políticos que já lá estiveram e agora estão à espera no partido, deixarão que tudo fique na mesmice que lá deixaram. Obedecendo à máxima de todos os tempos dos maus políticos de sempre: as águas paradas só cheiram mal quando alguém resolve revolvê-las.
Esta ministra ameaça tornar-se um case study pela raridade da sua atitude de rompimento com a tradição governativa nacional. Julgo que foi por ter percebido isso mesmo que, hoje, no Público, Paulo Castro Rangel escolheu a ministra da educação como alvo. Por ser quem é, fê-lo de modo bastante mais inteligente do que a generalidade dos habituais detractores de Maria de Lurdes Rodrigues. Mas a intenção que se intui é precisamente a mesma - deixar que as coisas permaneçam como estão e nunca afrontar o acervo de interesses que a monotonia governativa anterior deixou acumular. É a oposição do "quanto pior, melhor"...