24.8.06

Convidados forçados do Museu Vivo

Sobre o cheque ensino convirá sublinhar o seguinte:

a) até agora não escrevi uma linha sobre a qualidade pedagógica das escolas públicas ou privadas. Mas acrescento que não coloco em causa a qualidade pedagógica da escola pública. Antes pelo contrário se as escolas públicas resolvessem questões de funcionamento em inúmeros casos a sua oferta seria superior às das escolas privadas

b) escrevi sim que as famílias devem poder escolher a escola que querem

c) a aprovação do cheque ensino e a possibilidade das famílias escolherem levaria inicialmente a uma maior procura do ensino privado mas teria de levar também a uma reorganização do modo de funcionamento das escolas públicas. Estas, regra geral, garantem qualidade pedagógica mas funcionam como lhes apetece no que respeita à chamada componente não lectiva. Ora o que leva muitas famílias a optar pelo ensino privado não é tanto a questão pedagógica mas sim o saberem que das 9 às 17 os seus filhos estão na escola, que têm cantina a funcionar, que fazem os TPC, que não saem porta fora se lhes der gana...

d) não deixa de ser peculiar que muitos daqueles que nem consideram que se discuta o cheque ensino acabem a referir a debandada das escolas públicas a que a aprovação do cheque ensino conduziria. Isto implica que apenas se defende o actual sistema não pelo interesse dos alunos mas sim pelo interesse de manter o sistema em funcionamento. Ou seja garantir-se o dia a dia e postos de trabalho de milhares de professores e funcionários.
Ora esse é outro assunto. As crianças e os jovens não podem ser obrigados a manter em funcionamento e assim justificar uma estrutura desajustada. Digamos que o actual esquema de escola pública é uma espécie de museu vivo do tempo em que Estado gastava sem fazer contas e se metia em tudo.