27.3.07

Sobre o Prós & Contras

Não sei bem como nem porquê, em jornais e blogues tornou-se moda dizer o pior possível dos debates do Prós & Contras. Claro que o programa não é perfeito e muitas críticas serão certeiras, mas a maioria está longe de qualquer réstea de lucidez - como, por triste exemplo, a de Vasco Pulido Valente, no Público do passado sábado.
Ontem, sobre a Ota, confirmei muito do que já sabia: não conheço qualquer programa de debate e informação que vise abranger uma faixa bastante alargada de audiências que se lhe possa comparar. Na semana passada, a Sic-Notícias realizou, também, um programa sobre a Ota. Embora o modelo fosse diferente, alguns dos participantes eram os mesmos do Prós & Contras de ontem. No entanto, a diferença foi abissal: o da Sic-Notícias foi desenxabido, pomposamente tecnicizado, com dados excessivos para tão pouco debate, em suma, muito chato.
Ontem, na RTP, tal como tantas outras vezes a propósito dos assuntos mais variados, ouviram-se argumentos de todo o tipo, esgrimidos por interessados e interesseiros, houve controvérsia, aplausos, irritações, risos, equívocos, razões políticas, técnicas e outras quase inclassificáveis. Ao longo da emissão foi possível ao espectador comum formar uma opinião minimamente sustentada. A meu ver, os defensores do projecto governamental ficaram a perder; noutros Prós & Contras terão ficado a ganhar.
Este é o único programa de debate político e social cujo nível de audiências consegue rivalizar com as novelas e a enxurrada de concursos disparatados que reinam no nosso prime time. Daí o assinalável e inusitado respeito que o poder político por ele sente. E fora do mundo anglo-saxónico, não conheço exemplo semelhante em nenhum canal televisivo.
O que deveria bastar para sobejarem os elogios. Mas não. Como de costume, o fel, sistemática mas compulsivamente, expelido em cima de qualquer coisa que pareça resultar, faz escola neste país.