23.4.07

dupla precaução



A minha regra é a de usar dupla precaução a interpretar os movimentos filosóficos, científicos ou meramente de opinião cuja liderança seja feita predominantemente por intelectuais judeus. Estão neste caso o neo-conservadorismo americano, o neo-liberalismo e o libertarianismo e várias correntes do chamado politicamente correcto.

Presumo que os intelectuais de cultura judaica são sempre mais fieis à sua cultura do que à verdade e que, em caso de conflito entre ambas, optam pela primeira em detrimento da segunda - e sem hesitação.

Dois exemplos servem para ilustrar a minha tese. Eu nunca esperaria ver o economista liberal Gary Becker (Prémio Nobel, 1992) a defender o conceito de guerra preventiva (1). Tanto mais que o argumento que desenvolve se volta contra ele e contra Israel e os próprios EUA. Sendo Israel a maior potência militar do Médio-Oriente, possuindo a bomba atómica, qualquer país da região, e todos em conjunto, ficam justificados para lhe mover uma guerra preventiva. E, pela mesma razão, todos os países do mundo estão justificados para mover uma guerra preventiva contra os EUA.

O segundo exemplo respeita ao conhecido economista libertário Walter Block e ao caso dos cartoons de Maomé (2). Não surpreende que ele tenha produzido, a propósito deste incidente, uma defesa do argumento da liberdade de expressão, embora eu não esteja certo que, se o visado fosse Moisés, ele o tivesse feito também. Não me surpreende sequer que ele se tenha depois vitimizado, queixando-se de ameaças de morte, porque a tradição judaica é mestre na arte da vitimização. Aquilo que me surpreende é que ele não se tenha dado conta que tais ameaças de morte foram produzidas ao abrigo da mesma liberdade de expressão que ele, em primeiro lugar, defendeu.

Existem, ainda, pelo menos, dois aspectos salientes neste artigo de Block. O primeiro é o de que ao estabelecer analogias com profetas abusados, como Maomé, ele usa apenas o exemplo de Cristo, nunca o de Moisés, provavelmente porque Moisés não é abusável. Segundo, quando os judeus são invocados no texto, é sempre na posição de vítimas, nunca na de algozes. Porque algozes é uma coisa que só os outros podem ser.

(1) http://www.becker-posner-blog.com/archives/2004/12/preventive_war.html
(2) http://www.lewrockwell.com/block/block58.html